“Mário, meu querido, que alegria, estamos juntos novamente!” – assim Apolônio de Carvalho recebeu a ligação em que o velho amigo e companheiro Mário Lago comunicou que, a partir daquele momento, estava com Lula e o PT.
A conversa aconteceu em 15 ou 16 de novembro de 1989, tão logo definiu-se que a eleição presidencial iria para o segundo turno. Desde a saída de Apolônio do PCB, os dois estavam politicamente afastados; a retomada da militância em comum foi saudada festivamente.
Apolônio e Mário na noite de autógrafos do livro Vale a pena sonhar
Tempo que passa, agora, mais uma vez, as histórias deles se cruzam. No próximo dia 08 de fevereiro, quarta-feira, as comemorações pelo centenário de Apolônio de Carvalho começam pela cerimônia pública de doação do seu acervo ao Arquivo Nacional. Será às 16 horas, na sede da instituição que desde 2002 abriga também o acervo de Mário Lago.
Essa convivência vem de longa data. A nossa família teve o privilégio de compartilhar com Apolônio e Renée em diversos momentos – meu avô e tio maternos (sendo ambos Henrique João Cordeiro, um deles, Filho), no PCB; papai (Mário Lago), no PCB e no PT, e eu, no PT.
Mais do que isso, Apolônio sempre foi uma referência lá em casa; papai tinha imensa admiração pelo amigo, que citava como um exemplo de bravura, retidão e coragem revolucionárias e, ao mesmo tempo, de grande ternura humana. Ainda crianças, conhecemos episódios de Apolônio e Renée na Resistência Francesa ao nazismo.
Sobre o amigo e companheiro que por três vezes optou pela via armada de luta (na Guerra Civil Espanhola, contra o fascismo, na Resistência Francesa, contra o nazismo, e na fundação e direção do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário/PCBR, contra a ditadura instalada em 1964), papai disse em uma entrevista:
“Apolônio é um anjo que usou metralhadora. É a criatura mais doce que eu conheço na vida... e o cara foi comandante do Exército Republicano Espanhol! Depois, foi para a França, lutar na Resistência Francesa contra o nazismo, como comandante de um grupo de maquis – camarada Edmond!
Nunca perdeu a doçura. O Guevara disse “hay que endurecerse pero sin perder la ternura” sem conhecer o Apolônio, mas certamente adivinhou que existia um Apolônio de Carvalho.
É uma pessoa que você tem vontade de abraçar, de dar um beijo. Foi duro, sem perder a ternura.”
O blog, com admiração e carinho, junta-se às homenagens e convida:
ABERTURA DO CENTENÁRIO DE APOLÔNIO DE CARVALHO
ARQUIVO NACIONAL – PRAÇA DA REPÚBLICA – CENTRO - RJ
QUARTA-FEIRA, DIA 8 DE FEVEREIRO, ÀS 16 HORAS
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