terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

AURORA E LENIN NO MESMO BARCO OU NAVIO

Criada no final de 1940, por Mário Lago e Roberto Roberti (com uma pequena mas valiosa e graciosa dica de Roberto Martins, parceiro de Mário em inúmeros outros sucessos e um de seus melhores amigos), Aurora é um clássico que ultrapassa os limites do carnaval brasileiro.
A escalada começou em 1941, com a gravação da dupla Joel e Gaúcho. Carmen Miranda gostou e incluiu a marchinha em seu repertório, divulgando-a nos Estados Unidos. Nas terras do Tio Sam, Aurora fez tremendo sucesso; recebeu letra em inglês e ganhou 17 gravações, incluindo a versão (IMPERDÍVEL! www.youtube.com/watch?v=4KoppS8TIjc) com as famosas Andrew Sisters para o filme Segure o fantasma (Hold that ghost), da dupla Abbot & Costello. Pelo Brasil, nem nós sabemos quantas gravações já mereceu.
Pois reza a lenda que a maliciosa Aurora teve o seu dia de brava militante revolucionária. O caso teria acontecido na década de 1960. Recém-instalada em Moscou, capital da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a Universidade Russa da Amizade dos Povos Patrice Lumumba (UAPPL) oferecia cursos variados para alunos de todas as partes do mundo. Além do currículo regular, a agenda incluia atividades políticas. Uma das principais era a comemoração da revolução de Outubro, quando cada delegação estrangeira homenageava a data com uma apresentação cultural de seu país.
Acontece que, na tal ocasião da tal lenda, a delegação de alunos brasileiros teria esquecido do compromisso. E, na véspera da festa, estava de mãos abanando, pronta pra passar vergonha. Foi quando um mais atrevido (carioca?) lembrou que um dos mais reverenciados símbolos da revolução bolchevique de 1917 era um navio militar com nome de mulher dos trópicos, o cruzador Aurora. Foi a dica!
No dia seguinte, na festa da revolução, de punhos erguidos e expressão solene e emocionada, os brasileiros fizeram ecoar pelo salão da Patrice Lumumba, para a perplexidade de portugueses e latinoamericanos e a admiração dos demais, o hino revolucionário:
Se você fosse sincera,
Ô, ô, ô, ô, Aurora!
Aurora!
Aurora!
Veja só que bom que era,
Ô, ô, ô, ô, Aurora!
Aurora!
Aurora!

Não há provas, mas que a história é deliciosa, é. E, como diria a minha avó Chiquinha, mãe de papai, "Si non è vero è ben trovato".

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