domingo, 18 de março de 2012

Ô, LAURA, QUE É DO TEU SORRISO?


Foi no jogo do Vasco que a notícia veio: um minuto de silêncio pela morte de Jorge Goulart. Que merda!

Jorge foi uma das mais lindas vozes do Brasil. Foi, principalmente, uma figura adorável, de um bom humor e de um sorrisão que nada conseguia abalar. Ao lado da mulher, a grande cantora Nora Ney, foi um dos primeiros artistas a levar a música brasileira mundo afora. Fazia um sucesso danado, com uma garganta privilegiada. Era o Rei do Rádio!

Jorge gravou várias músicas de papai, incluindo Não tenhas pena, morena, única parceria de Mário Lago e o pai, o maestro, violinista e compositor Antonio Lago. Eram amigos e companheiros de luta, como sempre fazia questão de frisar.

O golpe de 1964 cassou o casal - Jorge e Nora estavam entre os demitidos da Rádio Nacional pelo Ato Institucional nº 1. Mas foram em frente, garantidos pelo extraordinário talento. 

Nos anos 80, sofreu um dos maiores baques da vida - a garganta privilegada destruída pelo câncer. Perdeu a voz;  não perdeu a força e o humor. Pouco tempo depois de operado, tagarelava pela prótese na traqueia. Manteve uma agenda de apresentações, usando o playback. Fazia piada com a própria deficiência - o relato de uma conversa sua (voz sussurrante e baixa) com Cauby Peixoto (surdo), no saguão de um aeroporto, era de rolar de rir.
Em 2001, em uma visita a papai, no Hospital Samaritano, ao saber que meu marido era vascaíno como ele, colocou todo mundo pra chorar ao entoar na maior emoção, pelo aparelho, o hino do clube - "vamos todos cantar de coraçao ...".

Nós, os Lago, mandamos daqui um forte abraço para a Lúcia, com quem ele se casou após a morte de Nora. E guardamos nesse pedaço a voz imortal de Jorge Goulart.


2 comentários:

  1. Graça querida: pelo menos vc falou no blog porque ate agora estou estarrecida com o silencio em torno da morte do grande Jorge Goulart que, ao lado de sua mulher Nora Ney, deram muitas emoções à nossa musica. E às nossas vidas também. Lamentável em todos os sentidos.

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  2. Diana, amiga, se a gente não esperneia, a memória apaga. Foi tenebroso o silêncio em torno da morte do Jorge. Mas ainda bem que a mobilização de amigos como você ajudam a reverter esse quadro. Grande abraço, Graça

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